"As pessoas acham que água subterrânea é de todo mundo, mas é água como outra qualquer e tem que ter autorização de uso. Então há um desconhecimento. Que água é essa? De quem ela é? Tenho que pagar? As pessoas não conhecem, e isso gera a ilegalidade"
"O estado está sendo incapaz de transmitir à sociedade a necessidade de regularização dos poços. Não existe um programa do estado de conhecimento de população sobre análise, registro, informação. O usuário na outra ponta, que geralmente é o síndico do prédio, apenas acha que a água é de boa qualidade e que o poço vai diminuir a conta de água. Mas ele não entende. A comunicação entre estado e usuário é muito fraca"
Vemos aí :

- Ausência do Estado
- Insensibilidade e consciência dos geradores primários de informações em informá-los a um banco de dados
- Ausência de cidadania ,ações e omissões humanas
"A captação anual de água subterrânea estimada é de mais de 1 milhão de Mm³ em todo o planeta, o que coloca a água como a substância mais extraída do subsolo. No Brasil do total estimado, o estudo destaca que apenas 12% são conhecidos e registrados pelos órgãos públicos. Os outros 88% são clandestinos e estão em propriedades rurais, indústrias, casas e prédios
Muitos moradores e donos de empresas e fazendas constroem os poços e não pedem licenças e registros por não verem vantagem nessa regularização. As consequências disso, segundo Hirata, são diversas. Uma das principais é a superexploração dos aquíferos, que acontece por conta do acúmulo exagerado de poços em um mesmo local.
"Ter um poço não tem problema, mas um poço ao lado do outro causa interferência hidráulica. Os níveis de água podem cair muito. Quando os poços são clandestinos, perfurados ao acaso sem ninguém controlar, muitos poços podem ser perfurados na mesma região. O aquífero pode secar"
Além do esgotamento dos aquíferos, outro risco diretamente relacionado com a clandestinidade é a utilização de águas contaminadas. Quando o poço é regularizado, seu dono deve seguir normas de vigilância sanitária que incluem, por exemplo, a realização de análises clínicas regulares. No caso dos poços ilegais, muitas pessoas não fazem esses exames por conta do valor, que pode chegar a até R$ 3 mil. Assim, a água fica sujeita a contaminações de poluentes diversos.
"Quando falamos da falta de saneamento, sempre lembramos dos rios contaminados, mas acabamos desprezando essa fonte de água subterrânea, que é tão extensa e tão desconhecida. E o impacto é grande"
Estima-se que, por ano, o subsolo do país receba 4.329 Mm3/ano de esgotos, volume equivalente ao lançamento na natureza de 1,8 milhão de piscinas olímpicas por ano de esgoto, ou quase 5 mil piscinas por dia.
Estima-se que, por ano, o subsolo do país receba 4.329 Mm3/ano de esgotos, volume equivalente ao lançamento na natureza de 1,8 milhão de piscinas olímpicas por ano de esgoto, ou quase 5 mil piscinas por dia.
Isso porque, quando uma cidade ou parte dela não tem rede de esgoto, uma parte é jogada nos rios, mas a grande maioria acaba indo para fossas sépticas e fossas negras, atingindo a água subterrânea.
"Quase que todas as cidades brasileiras tem algum nível de contaminação por esgoto, e, como tem uma gigantesca quantidade de poços clandestinos, que não passam por análises periódicas, você tem um potencial de contaminação muito grande para a população"
"Tem que pensar o planejamento hídrico lembrando mais da água subterrânea. Muitas vezes a cidade está numa área de abundância gigantesca de água e não usa porque já tem bomba e puxa a água do rio"